segunda-feira, 23 de abril de 2012

“Dialogando através de textos”


Rosely Sayão

Invasão de especialistas



Na escola, o mau uso de princípios teóricos da psicologia deu um aspecto moralista a essa disciplina



No princípio, era a escola com seus alunos e professores. Uniformes impecáveis, comportamentos idem, disciplina militar, regras de todos os tipos, alunos em geral obedientes, passivos, temerosos.

Quando o aluno cometia alguma falta, era imediatamente penalizado: era obrigado a escrever muitas vezes alguma frase, ficar no canto da sala, levar puxão de orelha etc. A suspensão e a expulsão também eram punições aplicadas de modo exemplar.

Há quem sinta uma certa nostalgia dessa escola, que assim permaneceu pelo menos até o início dos anos 60. O que não se costuma considerar é que essa escola era para poucos, bem poucos. Para os alunos que não precisavam que a escola, de fato, exercesse seu papel.

Para bem funcionar, essa escola distribuía vereditos: alunos que não aprendiam como a média dos colegas eram simplesmente considerados inaptos para o estudo escolar. E ponto final.

Na década de 60 surgiram novas teorias da educação que traziam o anseio de alunos mais participativos em seu processo escolar e condenavam muitos dos castigos até então aplicados. Novos ares tomaram conta da escola. Nos anos 70, a instituição se abriu para muitos alunos novos que, antes, não tinham lugar na escola.

Mudou muita coisa, mas quero chamar a atenção para uma nova presença no espaço escolar: a dos psicólogos. A proposta da entrada desses profissionais na escola era bem interessante: colaborar para que o ensino fosse democrático, ou seja, garantir que todo tipo de aluno pudesse aprender.

Mas essa proposta não vingou. Diagnósticos "psi", atendimentos clínicos na escola e o mau uso de princípios teóricos da psicologia deram um ar moralista a essa disciplina do conhecimento no espaço escolar. Logo depois chegaram também os fonoaudiólogos, os fisioterapeutas, os psicopedagogos....

Não parou aí. Na sequência, os médicos foram convidados e/ou se convidaram a entrar na escola também e os diagnósticos médicos explicando e justificando as mais diversas questões dos alunos passaram a ter presença regular na instituição.

No princípio, era a escola com seus alunos e seus professores; agora temos alunos, professores, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos e médicos das mais diferentes especialidades. São os chamados especialistas.

Você pensa, caro leitor, que vamos parar por aí? Nem pensar. Agora há outro profissional entrando pela porta da frente da escola e interferindo nela: os advogados.

Atualmente, muitos pais têm procurado advogados para que eles garantam o que consideram um direito do filho ou para que processem a escola por ter agido mal ou por não ter agido em situações bem diversas, como notas, relacionamento com colegas, relacionamento com professores, aprovações, retenções, fatos que repercutem nas redes sociais e envolvem alunos da mesma escola etc.

Estamos vendo a inauguração de uma cultura escolar.

No princípio, era a escola com seus alunos e professores; agora temos a relação entre aluno e professor com a interferência de vários outros especialistas, inclusive médicos e advogados.

Deveríamos nos interessar em saber como fica a relação que deveria ser a mais preciosa - entre professor e aluno - com a intervenção de tantos outros profissionais alheios à educação escolar.



ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho" (Publifolha)

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Srs. Pais,

                        Sabemos como era a relação entre professor e aluno até alguns anos atrás. Mas, e agora, como os senhores acham que está ficando essa preciosa relação com a intervenção de profissionais de outras áreas estranhas à educação na vida escolar de nossos filhos? Lembrando que os serviços de que de fato necessitamos (fono., psico., por ex) não estão disponíveis na rede pública, com a rapidez de que a Escola gostaria para os encaminhamentos.
Equipe da EMEF “Ruy Barbosa

Um comentário:

  1. Boa noite sou mãe de um aluno da 5ºA "Gustavo Parizi"no período da tarde ... ou seja na minha opinião atrapalha outros especialistas ficar se metendo no ensino onde já s dizia é o Aluno e o Professor acho que como os antigos eles conseguiam e hoje não seria diferente pois estudarão pra isso assim como os médicos,psicanalistas, e etc ... assim acho q deveriamos lutar pra ter a ligaçao do Professor com o aluno e assim se faz como antigamente o aluno faz a escola e assim nos em casa possamos dar a educação pra que nossos filhos possam obedece-los....


    att:

    Andresa Parizi

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